Carioca do Méier, zona norte do Rio de Janeiro, Taís é filha de pai economista e de mãe pedagoga. Sagitariana irrequieta, começou no teatro amador aos 11 anos. Aos 16, soube que a extinta TV Manchete abrira testes para a novela Tocaia Grande. "Fiz e passei!", lembra. Quando gravava as últimas cenas, tomou coragem e bateu na porta do diretor Walter Avancini para garantir uma vaga na trama seguinte, Xica da Silva. "Ele disse que seria bem difícil. E eu, que não estava certa se devia seguir a carreira de atriz, fazer intercâmbio ou tentar a faculdade de odontologia [ela é aficionada por dentes], desanimei." Quando já pensava em um plano B, foi chamada para interpretar a personagem principal. "Xica era uma escrava que conquistava liberdade e fortuna depois de se casar com um homem influente. O roteiro incluía cenas de nudez, e eu era menor. Sem falar que, na primeira versão, a grande Zezé Motta havia feito o papel. Só de pensar na responsabilidade, me arrepiava. Mas o diretor conversou comigo e com a minha mãe. Era uma grande oportunidade..." Taís gravou quatro cenas nua. Nos bastidores, lembra que teve até contagem regressiva para seu aniversário de 18 anos, quando estaria liberada para fazê-las. "Foi difícil, não nego. Mas também não me arrependo. Saí da experiência fortalecida e respeitada." Com um histórico desses, alguém tinha dúvida de que Taís conquistaria tudo o que quisesse e mais um pouco? A seguir, mais sobre essa mulher absolutamente de NOVA!
NOVA: Antes de ser famosa, sofreu preconceito?
TAÍS: Tem gente que sente vergonha de relembrar sua origem - não faço parte desse time. Tenho certeza de que meu jogo de cintura e bom humor para contornar as dificuldades da vida vêm dessa escola. Meus pais sempre batalharam para oferecer a melhor educação a mim e a minha irmã (hoje, médica). Quando fiz 8 anos, nos mudamos para um condomínio na Barra da Tijuca. Mas minhas lembranças de infância mais gostosas são do tempo do Méier: brincar na rua, pedir doce em festa de Cosme e Damião... Na Barra, os costumes eram mais refinados, as relações, menos calorosas. Fiz amigos por lá, porém uma de minhas mais próximas confidentes, a Paula, me acompanha desde a zona norte, há 29 anos!
NOVA: De onde você tira tanta força?
TAÍS: Um episódio na escola me marcou muito: uma menina veio perguntar se era a patroa da minha mãe quem pagava as mensalidades. Só havia duas crianças negras no colégio: eu e minha irmã! Na adolescência, nunca fui uma opção de paquera para os garotos brancos do condomínio. Ainda hoje as pessoas têm dificuldade de aceitar com naturalidade o fato de um negro ocupar o mesmo espaço na sociedade que um branco.
NOVA: Por tudo isso Helena foi um presentão?
TAÍS: Sim. A sinopse não exigia que ela fosse negra. Qualquer atriz de 30 anos poderia interpretá-la. Pensaram em mim - e não por causa da minha cor. É assim que a igualdade funciona! Gosto da Helena porque ela coloca as coisas sob a perspectiva correta. Todos passamos por momentos ruins, mas é certo deixar que um trauma governe sua vida, suas decisões? Graças aos meus pais e aos meus professores, aprendi a não aceitar menos do que sonhava para mim. Ergui a cabeça e fui à luta, sem medo do que encontraria pela frente.
NOVA: Se não desse certo como atriz, tinha mesmo um plano B?
TAÍS: Quando decidi ser atriz, meu pai concordou com uma condição: que eu me formasse em outra área, como garantia. Todo mundo sabe como é difícil sobreviver de arte no Brasil. Escolhi jornalismo porque comunicação me interessa. Conciliava o curso de teatro na Casa de Artes de Laranjeiras pela manhã, o trabalho na tevê e a faculdade. Quase enlouqueci de cansaço, cochilava no carro. Levei oito anos para me formar. No fim, foi ótimo. Exercitei muito minha porção jornalista apresentando o programa Superbonita [no canal GNT, por três anos].
NOVA: E você é supervaidosa?
TAÍS: Sim, mas não gosto de escravidão. Esse negócio de "ter que" que passar creme todo dia, "ter que" sair maquiada por aí… Sou pouco disciplinada. Então, o que eu faço é lavar o rosto com um bom sabonete, hidratar e passar filtro solar. Tudo manipulado pela dermatologista Karla Assed [a mesma de Patrícia Poeta e Deborah Secco] especificamente para meu tipo de pele, que tende a ser oleosa. Também passo hidratante no corpo. Adoro maquiagem, mas meu kit se restringe a corretivo, máscara para cílios, blush e batom.
NOVA: Nunca um cabelo encaracolado foi tão comentado. Como cuida dos cachos mais desejados do país?
TAÍS: Em nome da arte, já fiz miséria com a cabeleira: alisei, tingi, alonguei... É um alívio poder exibir um visual mais natural. Dá para apenas lavar os fios com xampu para definir os cachos, ensopá-los - exceto a raiz - com um leave-in hidratante e secar com difusor. Os caracóis ganham forma em um piscar de olhos. Quando preciso de um penteado prático, puxo tudo bem rente ao couro cabeludo e prendo num rabo de cavalo médio. Vivo feliz da vida sem me preocupar se a escova vai estragar, se está ameaçando chover... Que liberdade! Verdade que algumas mechas são aplique, um recurso para ganhar comprimento. A cor é um mix de marrom frio e loiro médio. Estava mais escuro no início da novela. Agora, deu uma iluminada, o tom está quente. Adorei!
TAÍS: As mulheres da minha família têm tendência a engordar. Algumas tias e primas pesam mais de 100 quilos. Para driblar os genes traiçoeiros, sempre controlei o que entra no meu prato. Passo longe de frituras e comidas gordurosas. Também não sou fã de leite e derivados. No mais, como de tudo um pouco - e o ponteiro da balança não costuma ultrapassar os 52 quilos. Mas, para interpretar Helena, que é modelo, quis dar uma afinada. Meu endocrinologista passou uma dieta que corta carboidratos após as 18 horas. No almoço, sempre tem uma porção de carboidrato, outra de proteína com legumes e salada à vontade. Os lanches da manhã e da tarde costumam ser uma fruta. Também intensifiquei a malhação. Eu, que não sou chegada em exercício, corri muito e tive de ir à academia todos os dias! Por fim, associei sessões de Ultrashape e Velashape, para exterminar qualquer gordura localizada. Acho que mandei embora uns 5 ou 6 quilos. Como sou baixinha [1,63 metro de altura], cada quilo perdido parece três. Aí achei que tinha sido demais. Então, recuperei um pouquinho. Agora me sinto ótima!
NOVA: Todo esse sucesso fica mais gostoso se curtido a dois? Você e Lázaro [Ramos, ator] reataram recentemente, não é?
TAÍS: Sim. E essa segunda chance só aconteceu porque há muito amor entre nós. Em um casal, os dois precisam estar comprometidos com a missão de manter o clima de romance. Parece simples? Para quem viaja o tempo todo por conta do trabalho e de quebra tem a vida vigiada por paparazzi, é uma aventura e tanto. Eu e o Lázaro sabemos que precisamos fazer um esforço extra. E a gente se empenha! Nada é capaz de me impedir quando decido entrar num avião e desembarcar em Salvador (onde ele grava a série Ó, Pai, Ó), mesmo que para passar uma única noite. Ele também me acompanhou durante as gravações na Jordânia. Nosso maior desafio é conseguir tempo para estar junto e a sós. Tanto para namorar, como para resolver as questões do dia-a-dia. Somos um casal como qualquer outro.
NOVA: E o que foi determinante para a volta?
TAÍS: Conquistamos um equilíbrio raro, como duas peças que se encaixam perfeitamente. Lázaro é meu companheiro de todas as horas. Sou uma pilha de ansiedade. Mas quando estou a ponto de um ataque de nervos, lá vem ele com a maior paciência do mundo colocar meu pânico sob controle. Ao seu lado, enxergo tudo com mais clareza. Tem o lance da química, sim, mas até isso precisamos alimentar com atitudes certas. Da minha parte, cuido para ficar atraente aos olhos dele. Coloco a roupa de que ele gosta, o perfume... No fundo, toda mulher quer ser admirada pelo seu marido ou namorado. E eu estou nessa turma também!
NOVA: Qual sua marca registrada de sedução?
TAÍS: Meus vestidos. Tenho vários! Tomara-que-caia, justinho, solto… Além de ser uma facilidade poder me produzir com uma peça só, me sinto muito feminina. Nenhum outro modelo valoriza tanto as formas do corpo de uma mulher!
TAÍS: Aos 20 anos eu não sabia nada [risos]. Mas aprendi que intimidade e cumplicidade são fundamentais para o sexo ser bom.
NOVA: Qual seu maior desejo para 2010?
TAÍS: Quero construir uma família. Depois que completei 30 anos, o desejo de ser mãe bateu com força total. Penso em ter um filho e adotar outro. Profissionalmente, espero fazer cinema e me arriscar cada vez mais no teatro, que me desafia muito. Quem sabe com o Lázaro na direção? Não seria nada mal unir o útil ao muito agradável!
Fonte: Nova
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